terça-feira, 29 de maio de 2012

Lista Oficial da Fauna de Vertebrados da Flona de Ipanema


Por Luciano Bonatti Regalado (texto e fotos)

     A Floresta Nacional de Ipanema iniciou neste mês de maio a elaboração da Lista Oficial da Fauna de Vertebrados ocorrentes na Unidade de Conservação (UC). Os trabalhos estão sendo conduzidos sob a coordenação do Analista Ambiental Luciano Bonatti Regalado e do consultor científico, Biólogo André Guilherme. "Neste primeiro momento, estamos realizando a compilação das informações relativas ao conhecimento zoológico existente para a Floresta Nacional de Ipanema que encontram-se registradas em diversos estudos desenvolvidos na UC nos últimos 20 anos" ressaltam os coordenadores. Após a atualização taxônomica das listagens, as mesmas serão encaminhadas para pesquisadores especialistas em cada grupo animal que poderão contribuir no questionamento e/ou validação da ocorrência das espécies para a Unidade de Conservação. Segundo Regalado, "com a oficialização da lista de vertebrados ocorrentes na UC, poderemos contribuir para a definição das estratégias e linhas de apoio à pesquisas a serem previstas pelo Plano de Manejo da Flona, ressaltando que o mesmo encontra-se em processo de atualização". A idéia é que a lista oficial seja revista e atualizada a cada três anos. Entretanto, a Flona deverá disponibilizar anualmente informações sobre o registro e a ocorrência de novas espécies em sua área.
     Ipanema possui uma grande importância histórica relacionada ao conhecimento zoológico do país, especialmente da região sudeste e do bioma Mata Atlântica. A região foi uma das localidades que mais recebeu visitas dos naturalistas que percorreram o interior do Brasil durante o século XIX. Dentre os estudiosos que ali estiveram, merece destaque o austríaco Johann Natterer, integrante das comissões científicas pertencentes a esquadra monárquica da arquiduquesa Leopoldina da Áustria, vinda para o Brasil para casar-se com D. Pedro I do Brasil. 
     Natterer, a serviço do Museu de Viena, percorreu grande extensão do território brasileiro (sudeste, centro-oeste e grande parte da Amazônia), desenvolvendo pesquisas e coletando espécimes de diversas localidades, de diversos ambientes. Em Ipanema, permaneceu aproximadamente 800 dias entre os anos de 1819 e 1822, onde coletou centenas de espécimes de vertebrados, com destaque para as aves e mamíferos. Entre o material coletado em Ipanema, haviam indíviduos de bionomia totalmente ignorada, assim como espécies ainda desconhecidas para a ciência, como é o caso do raro mico-leão-preto Leontopithecus chrysopygus, cuja localidade-tipo é Ipanema. Os dados coletados e presentes nos manuscritos de Natterer foram amplamente utilizados como base para várias descrições de táxons, na época tidos como novos.
     Após os trabalhos desses naturalistas, desenvolvidos principalmente na primeira metade do século XIX, a fauna de Ipanema somente foi alvo de novos estudos sistemáticos a partir da década de 1990, com a criação da Floresta Nacional de Ipanema, quando a área começou a receber estudantes e pesquisadores interessados em contribuir para o conhecimento e conservação de um dos mais importantes remanescentes de Mata Atlântica do interior paulista.
      Atualmente, são conhecidas para a Floresta Nacional de Ipanema  mais de 450 espécies de vertebrados, das quais destacam-se mais de 20 espécies com algum grau de ameaça, incluídas na Lista Oficial da Fauna Ameaçada de Extinção do estado de São Paulo, e que merecem a atenção para a sua conservação e de seus ambientes de ocorrência.


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