terça-feira, 29 de maio de 2012

FLONA DE VOLTA AO JOGO



  29/05/2012 | EDITORIAL

Flona de volta ao jogo

Cabe à administração pública e às forças esportivas a união com esse objetivo
Notícia publicada na edição de 29/05/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno A
     Era uma cidade igual a muitas outras existentes pelo país afora. Sua população esperava por melhorias. Certa vez, logo pela manhã, o lugar amanheceu em ritmo de mutirão, o que surpreendeu a maioria. Tudo estava sendo pintado. Onde havia rachadura, foi colocada uma camada de massa e depois tinta, inclusive a escola e o postinho de saúde. A velha ponte de madeira teve algumas de suas tábuas trocadas e também ganhou nova pintura. Enfim, a cidade recebeu aquela maquiagem. Um cidadão mais curioso perguntou: Por qual motivo isso agora, tão rápido? Orgulhoso, o administrador do lugar respondeu: amanhã o governador vem nos visitar!

     Notícia publicada na edição de 17/03/2012 do jornal Cruzeiro do Sul, na página A11, trazia, à epoca, uma informação que entristeceu toda uma comunidade: "Parques da Copa - Floresta Nacional de Ipanema está fora dos planos para 2014. Notícia caiu como uma ""bomba""; eram esperados R$ 1,3 milhão em investimentos". A decisão de tirar a Flona da relação dos parques da Copa, soube-se, partiu do Ministério do Turismo. E a justificativa foi de que a unidade de conservação da Fazenda Ipanema não tem importância para visitas e nem destaque regional e nacional para receber o apoio necessário à participação no programa Parques da Copa.

    Editorial de 19 de março deste jornal lamentava o desprezo à Flona de Ipanema: "...é doloroso para a região de Sorocaba. Porém, mais que isso, é vergonhoso para o Ministério do Turismo, que tem a obrigação de conhecer e valorizar os bens culturais do País. A exclusão de Ipanema do programa Parques da Copa não reduz a importância daquele sítio arqueológico, histórico e ambiental, mas compromete a imagem do ministério, já bastante abalada pela crise política de 2011 e pelas denúncias de irregularidades na aplicação de recursos." E cobrava: "Se existe uma chance de reverter a decisão, ela deve ser buscada sem demora pelas lideranças regionais."

     De passagem por Sorocaba na sexta-feira, 25 de maio, o deputado federal Vicente Cândito (PT), relator da Lei Geral da Copa de 2014, aconselhou a mobilização imediata e profissional do Município, isso se quiser ficar com parte do bolo financeiro que o Mundial de Futebol vai proporcionar às cidades interessadas. Na opinião dele, cabe à administração pública e às forças esportivas a união com esse objetivo. Sorocaba é uma das quatro cidades da região habilitadas pela Fifa para receber seleções de futebol. É só levar essa condição a sério e correr à frente em busca de mostrar sua capacidade do consolidar-se. Mas, o que surpreendeu, dois meses após ter sido colocada a escanteio, foi o fato de que a Fazenda Ipanema voltou ao jogo com possibilidade de disputar verba e passar por modificações para atrair turistas durante a Copa. Politicamente, o que mudou ainda está oculto. É conhecido, porém, que em ano eleitoral todo milagre é possível.

     Então, é hora de aproveitar a oportunidade anunciada. Não se deve, no entanto, copiar a mentalidade da cidade fictícia apresentada no início deste texto. Independente de ser ou não - um dos Parques da Copa, a Flona merece todo investimento a qualquer tempo, não precisando para isso um motivo específico. Nem mesmo arrumar a casa somente para a visita. Quem mora nela também merece melhorias.

     Como bem destacou o editoral de 19 de março, ser o berço da siderurgia nacional, onde as primeiras experiências para extração de ferro foram realizadas ainda no século do Descobrimento; possuir a beleza dos prédios da Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema; sem falar das trilhas que percorrem a mata e os sítios arqueológicos, ao longo das quais os visitantes podem avistar algumas das cinco mil espécies de mamíferos, 286 espécies de aves e 15 de répteis, já habilitam a Flona a toda espécie de zelo e investimento, sem levar em consideração bandeira partidária. O patrimônio é de todos. Passará governo e ele ficará ali. Provavelmente à espera de que outro governante seja convencido a valorizá-lo. Quem sabe não seja necessário tanto esforço. Afinal, milagres são possíveis.


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